Tema de Outubro a Dezembro
Importância da Não-violência
A não-violência é entendida e encarada muitas vezes como uma utopia sem consistência,
esvaziada de real pertinência histórica, quando não considerada como atitude perigosa
porque anti-social. Todavia, estas reservas, no sentido mais comum, resultam de formas
mentais (mentalidades) que, acompanhadas por determinadas representações da realidade,
não só confundem agressividade com violência, como consideram ser esta inevitável e,
em determinadas circunstâncias, uma necessidade dos indivíduos e das sociedades,
nem que não seja pela necessidade de defesa e de preservação.
Talvez perguntar se precisamos de violência? Trará alguma coisa de bom? Vale a pena?
Temos um novo Papa
Temos um novo Papa, as reacções são muitas. O mais importante é de certeza não perder a esperança num mundo que é nosso e que estamos sempre a influenciar. Conto um episódio que me aconteceu neste sentido.
Ontem estava no autocarro de olhos fechados a dormitar quando oiço uma estalada. Abro os olhos e estava um senhor de pé muito indignado a mandar vir com um miúdo sentado num lugar do autocarro. O miúdo ficou tão assustado que só perguntava "Mas o que é que eu fiz?" ao que o senhor respondia "Tadinho! Deves fazer isto todos os dias!". O miúdo acabou mesmo por pedir desculpas ao senhor por algo que não sabia o que era e passar o resto da viagem com vontade de chorar. Ao sair do autocarro no Saldanha puxou do telemóvel para desabafar com alguém conhecido, porque os desconhecidos que iam com ele no autocarro não foram capazes de o apoiar. Senti-me mal, na verdade não presenciei todos os pormenores para poder tomar a posição certa, mas acomodei-me nisso. Podia muito bem ter-me metido na conversa e perguntado. Para mim a não-violência é exactamente o contrário, não ficar indiferente a situações de violência, participando e influenciando... temos ainda muito que aprender.
Esperança nos mais novos
Fiz nas férias da Páscoa uma viagem a Chipre, a ilha encontra-se dividida em dois países, sendo apenas a parte sul reconhecida internacionalmente como país. A parte norte controlada pela Turquia é denominada território ocupado. A guerra de tiroteios e barricadas já acabou, a ilha foi dividida. Mas continua uma guerra de pressões, de exclusão, de educação contra o lado oposto da ilha. A minha ideia ao chegar à ilha foi pensar, por agora será difícil conseguir-se uma reunificação e todos viverem em harmonia porque as recordações e ânimos estão muito à flor da pele. Talvez daqui a algumas gerações quando já as crianças de hoje dos dois lados tiverem construído sonhos e projectos juntos... Mas percebi que a estas crianças está a ser encutido desde pequenas o ódio do outro lado e a ver nele um sistema que nunca pode ser perdoado. Quando crescerem vão-se odiar mesmo sem saber porquê! Sinto que é importante deixarmos as crianças viverem a nossa realidade sem preconceitos e juizos de valor sobre tudo. Têm tanto para nos ensinar e para poder mudar... Penso também que como já ouvimos muitas vezes, é bom fazermo-nos crianças, não deixando medos e preconceitos guiarem os nossos comportamentos.