Tema de Outubro a Dezembro

Importância da Não-violência

A não-violência é entendida e encarada muitas vezes como uma utopia sem consistência, esvaziada de real pertinência histórica, quando não considerada como atitude perigosa porque anti-social. Todavia, estas reservas, no sentido mais comum, resultam de formas mentais (mentalidades) que, acompanhadas por determinadas representações da realidade, não só confundem agressividade com violência, como consideram ser esta inevitável e, em determinadas circunstâncias, uma necessidade dos indivíduos e das sociedades, nem que não seja pela necessidade de defesa e de preservação. Talvez perguntar se precisamos de violência? Trará alguma coisa de bom? Vale a pena?

Sunday, October 16, 2005

Por uma sociedade segura e livre de armas

Entre Novembro e Maio do proximo ano será promovido pela Comissão Nacional Justiça e Paz uma audição pública por mês à volta das questões do armamento.

8 de Novembro de 2005 - A produção e o comércio das armas a nível mundial e a geopolítica contemporânea

13 de Dezembro d 2005 - A proliferação de armas ligeiras em Portugal

7 de Fevereiro de 2006 - A proliferação de armas, a marginalidade social e os desafios da inclusão social

21 de Março de 2006 - A acção das Nações Unidas e da União Europeia no combate à proliferação das armas ligeiras

16 de maio de 2006 - Democracia, segurança e proliferação de armas

das 15h às 18h, Fundação Calouste Gubenkian, Lisboa

Wednesday, April 20, 2005

Temos um novo Papa

Temos um novo Papa, as reacções são muitas. O mais importante é de certeza não perder a esperança num mundo que é nosso e que estamos sempre a influenciar. Conto um episódio que me aconteceu neste sentido.
Ontem estava no autocarro de olhos fechados a dormitar quando oiço uma estalada. Abro os olhos e estava um senhor de pé muito indignado a mandar vir com um miúdo sentado num lugar do autocarro. O miúdo ficou tão assustado que só perguntava "Mas o que é que eu fiz?" ao que o senhor respondia "Tadinho! Deves fazer isto todos os dias!". O miúdo acabou mesmo por pedir desculpas ao senhor por algo que não sabia o que era e passar o resto da viagem com vontade de chorar. Ao sair do autocarro no Saldanha puxou do telemóvel para desabafar com alguém conhecido, porque os desconhecidos que iam com ele no autocarro não foram capazes de o apoiar. Senti-me mal, na verdade não presenciei todos os pormenores para poder tomar a posição certa, mas acomodei-me nisso. Podia muito bem ter-me metido na conversa e perguntado. Para mim a não-violência é exactamente o contrário, não ficar indiferente a situações de violência, participando e influenciando... temos ainda muito que aprender.

Sunday, April 03, 2005

Esperança nos mais novos

Fiz nas férias da Páscoa uma viagem a Chipre, a ilha encontra-se dividida em dois países, sendo apenas a parte sul reconhecida internacionalmente como país. A parte norte controlada pela Turquia é denominada território ocupado. A guerra de tiroteios e barricadas já acabou, a ilha foi dividida. Mas continua uma guerra de pressões, de exclusão, de educação contra o lado oposto da ilha. A minha ideia ao chegar à ilha foi pensar, por agora será difícil conseguir-se uma reunificação e todos viverem em harmonia porque as recordações e ânimos estão muito à flor da pele. Talvez daqui a algumas gerações quando já as crianças de hoje dos dois lados tiverem construído sonhos e projectos juntos... Mas percebi que a estas crianças está a ser encutido desde pequenas o ódio do outro lado e a ver nele um sistema que nunca pode ser perdoado. Quando crescerem vão-se odiar mesmo sem saber porquê! Sinto que é importante deixarmos as crianças viverem a nossa realidade sem preconceitos e juizos de valor sobre tudo. Têm tanto para nos ensinar e para poder mudar... Penso também que como já ouvimos muitas vezes, é bom fazermo-nos crianças, não deixando medos e preconceitos guiarem os nossos comportamentos.

Tuesday, March 01, 2005

Tempo para viver

No sábado escrevi no blog enchamostudodefuturos algo que ligo com o facto de muitas vezes nos envolvermos na nossa "vidinha", acomodando-nos e deixando de ser criativos e exigentes ao ponto de procurar pôr em práctica aqueles valores de solidariedade, não-violência, cidadania que tanto andámos a defender. Ficamos sem tempo, sem cabeça, com outras prioridades e vamos adiando, fazendo umas coisas poucas... concordo com o João neste ponto, acho que temos de ter mais força e vontade para procurar sempre disponibilidade para pensar o que está mal à nossa volta e dar-lhe a volta. Falo por mim, tenho andado com alguma dificuldade em sentir realizada com o tempo que passo a construir um mundo melhor.
Muitos exemplos tenho vivido em que não sou capaz de agir no momento certo. Por exemplo, nas filas de espera quando todos começam a discutir, muitas vezes sem razão, no trânsito quando insultam antes de teres feito alguma coisa... Muitas vezes deixo-me levar por esta violência quotidiana e chego a participar nela. Acho que são pequenas coisas que acabam por tornar o dia um pouco mais triste e com menos esperança. Vou tentar viver estas situações com seriedade e pensar como uma posição não-violenta pode também influenciar os outros a mudar.
Se alguém me puder ajudar?...
Acho que uma forma de perceber a violência é estar perto dela e encará-la de frente, confrontá-la com uma não-violência explícita e daí perceber as suas relações com a nossa vida.
Talvez podessemos começar por identificar as situações que presenciamos no nosso dia e partilhá-las aqui. Não as têm vivido? Então para quê falar de não-violência?

Sunday, January 23, 2005

Bem perto

Ontem à noite fui surpreendida pelo som de um tiro quando estava à entrada da discoteca Kapital. Não houve feridos e na verdade não cheguei a perceber o que se tinha passado. Sei que no momento não tive consciência do que estava a acontecer, podia ser tudo menos um tiro na bomba de gasolina por onde tinha acabado de passar à breves instantes... Estamos fartos de ouvir notícias destas nos meios de comunicação social mas só quando estamos exageradamente perto é que tomamos consciência do que realmente acontece nos dias de hoje.
São situações como estas que realmente me fazem sentir que é urgente um compromisso com a não-violência.
Para mim uma acção violenta de uma pessoa vem como uma resposta a situações que se tornaram insustentáveis para a dignidade do ser humano. É uma forma de se defenderem de um mundo que foi muito cruel para eles. Não me parece que o ser humano seja violento por natureza, e se o for tem muito poder para transformar essa violência em amor e daí ser feliz.
Contudo, para quem viveu situações extremas de sofrimento é quase impossível conseguir voltar a acreditar na força do amor e do perdão. Talvez com muito amor em resposta e uma vida nova se possam mudar os corações de quem vive revoltado com quem está ao seu lado. Apesar de tudo o que assistimos, acho que todos andamos ansiosos por encontrar alguém ou alguma coisa que nos mostre uma saída para esta espiral de violência, só nos resta continuar a procurá-la.

Tuesday, January 04, 2005

Violência e Não-Violência no nosso quotidiano

Dia 17 de Outubro de 2004 realizou-se o 1º encontro da Fundação Padre Alberto Neto intitulado: “A violência e a não-violência no nosso quotidiano”.
Descobrimos que o nosso quotidiano está repleto de exemplos de violência: desde o trânsito aos meios de comunicação social, da política à religião, passando pela fome e pelas discussões. Mas também se conseguem distinguir exemplos de actos não-violentos, bem perto de nós: sorrisos, religião, luta por um mundo melhor, disponibilidade para ouvir, respeito pelas diferenças, etc.
A discussão centrou-se mais nos pontos seguintes.
A não-violência define-se pela recusa da violência?
Por um lado a não-violência não pode recusar a violência porque esta está em todo o lado, é preciso reconhecer que ela existe e o próprio movimento de luta da não-violência pode exercer algum tipo de violência a outros. Mas, a verdade é que tornarmo-nos não-violentos é ser radical ao ponto de declarar que a violência não é precisa para nada, na medida que tudo o que faz mal não pode trazer o bem.
Para nós a não-violência também é mais do que a simples recusa da violência por exigir um estilo de vida de constante desinstalação, de questionamento, de fazer frente aos males do mundo de forma não-violenta.
Perante pessoas sem algum grau de consciência moral não vale a pena uma aproximação não-violenta?
Não há ninguém que não tenha nenhum grau de consciência grau de consciência moral. A opção pela não-violência não é só pelos objectivos que se podem alcançar mas pelo ideal em sim, não podemos assumir-nos não-violentos senão aceitarmos que a não-violência é a única forma de resolver muitos problemas do Mundo.
Existem sempre exemplos e condições específicas que nos fazem ficar com um pé atrás nas nossas esperanças, mas sabemos que isto é também um processo de aprendizagem e de nos conhecermos a nós próprios e aos outros.
A filosofia da não-violência tem sempre uma fonte religiosa ?
Claro que não é necessário termos fé para nos tornarmos não-violentos, mas é óbvio que a religião, como base de modelo de vida e questionamento da nossa espiritualidade ajuda os crentes a envolverem-se nestas questões. Também é verdade que as grandes religiões do mundo defendem terminantemente a não-violência.
Até que ponto a necessidade de ser bem sucedido nos leva a atitudes violentas para com os outros?
A competição é algo muito inerente no nosso dia-a-dia. Para nos podermos integrar na sociedade temos que seguir certos padrões. Muitas vezes essa necessidade leva-nos à violência, mesmo sem termos consciência. Podemos estar atentos e transformar esta competição em algo saudável que não magoe ninguém.

Como desafios no início desta descoberta salientamos a necessidade de procurar saber mais sobre a não-violência e mantermo-nos informados, questionarmo-nos no dia-a-dia sobre o que nos rodeia e sobre aquilo que fazemos, estudar melhor as causas da violência que encontramos para a poder compreender e saber combater.

Monday, October 18, 2004

O começo!

Sejam benvindos ao Blog da Fundação Alberto Neto - Espiritualidades e Não-violência.

Esta mensagem é apenas um teste preliminar!